
Os professores e orientadores educacionais da rede pública de ensino do Distrito Federal ( DF ) vão entrar em greve a partir de segunda-feira (2) e por tempo indeterminado.
A paralisação foi aprovada em assembleia, realizada na manhã desta terça-feira (27), e anunciada logo em seguida, durante ato público em frente ao Palácio do Buriti , sede do governo distrital. A categoria pede reestruturação da carreira e reajuste salarial.
“Se a situação é grave, a resposta é greve . Em frente à sede do Executivo local, a categoria mostrou que está unida e mobilizada para garantir as pautas de reivindicações da Campanha Salarial 19,8% rumo à Meta 17; reestruturação da carreira já” , afirmou o Sindicato dos Professores do DF (SindproDF).
A greve foi marcada para iniciar na segunda-feira em respeito à legislação que prevê 72 horas de antecedência na notificação da paralisação. Além do reajuste de 19,8% e da reestruturação do plano de carreira, com diminuição do tempo para chegar ao topo da tabela salarial, os professores pedem o aumento do percentual de titulação aplicado aos profissionais com especialização, mestrado e doutorado.
A categoria pede o dobro do percentual de titulação pago hoje. Atualmente, o Governo do DF (GDF) paga uma bonificação em cima do salário-base de 5% aos professores com especialização, 10% aos mestres e 15% aos que possuem diploma de doutorado. A reivindicação é que os percentuais sejam atualizados para 10%, 20% e 30%, respectivamente.
Esses reajustes fazem parte da reestruturação da carreira, que é a pauta principal da greve . Além do aumento salarial , os professores pedem o achatamento dos padrões para progressão salarial.
“Para se ter ideia, com a reestruturação da carreira, quem entra na carreira do magistério público com especialização (PQ4 padrão 1) e cumpre jornada de 40 horas (maioria da categoria), tem remuneração-base de R$ 6.655,25. Com o achatamento dos padrões, a remuneração passa para R$ 15.139,30: mais que o dobro” , exemplificou o Sindpro-DF.
“Essas reivindicações convergem na valorização profissional e, consequentemente, na promoção de uma educação pública socialmente referenciada” , argumentou o sindicato.
Os professores também aprovaram, na reunião desta manhã, um calendário e mobilizações, com assembleias regionais, reunião do comando de greve – que será eleito – e uma nova assembleia geral no dia 5 de junho.
“A decisão da assembleia reflete o esgotamento da categoria, que se vê obrigada a recorrer ao instrumento de luta mais enérgico para conseguir ser ouvida” , afirmou a diretora do SindproDF, Márcia Gilda.
Ibaneis diz que greve é “política”
Após o anúncio da greve, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) , disse que a paralisação é uma estratégia política e que o GDF ainda está pagando o último acordo feito com a categoria, em 2023, quando os professores ficaram em greve por 22 dias.
“Essa greve é pura política. Os nossos professores nunca foram tão bem atendidos”, alegou o governador.
Ibaneis também criticou o atual comando do Sinpro-DF. “Professores e famílias estão sendo usados pela atual diretoria do sindicato" , disse. “Ainda estamos pagando o acordo firmado na última greve. Uma pena que não pensem nas nossas crianças e nas famílias”, acrescentou.
Na paralisação de 2023, o GDF se comprometeu a cumprir 17 pontos reivindicados, como nomear todos os candidatos aprovados no último concurso público e incorporar a Gratificação de Atividade Pedagógica (Gaped) e a Gratificação de Atividade de Suporte Educacional (Gase) em seis parcelas de 5%. A primeira parcela foi paga neste ano.
Em nota, a Secretaria de Educação do DF (Sedu/DF) afirmou que vai entrar com medidas judiciais contra a greve. Segundo a pasta, a paralisação tem caráter abusivo, ilegal e desproporcional “com impactos diretos sobre o funcionamento da rede pública e prejuízos irreparáveis aos estudantes e suas famílias".